sábado, 4 de agosto de 2012

Juventude na Jornada da Agroecologia


      Nesta jornada de Agroecologia, pela primeira vez, teve-se uma discussão específica sobre a questão da juventude e de seu protagonismo para as transformações sociais que queremos.
         Foram realizados dois seminários com tema:  “O protagonismo e desafios da juventude”, e uma Assembléia Popular da juventude, onde foi apresentada uma Carta Final com as demandas e propostas tiradas na jornada para a questão da juventude.

      Os seminários foram conduzidos pela juventude do Movimento dos Sem-Terra e pelo Levante Popular da Juventude, e foram espaços ricos de troca de ideias e informações.
Dentre os temas tratados, destacou-se a saída do jovem do campo, e sobre este tema levantou-se vários discussões como a falta de oportunidades, a busca de autonomia financeira, a influencia da mídia, o acesso a educação, o avanço do agronegócio, entre outros.
        Pelo MST, Diego Moreira fez uma análise de conjuntura, e observou que de 8 milhões de jovens no campo, apenas 1% acessa o ensino superior. Disse que vivemos num momento de grande importância para a formação de novos quadros para os movimentos, que tenham lucidez teórica e capacidade prática de resolução de problemas.

“A juventude carrega em si a síntese das lutas do povo”. Diego Moreira, MST.
       Afirmou que a revolução não pode ser transportada dos moldes de outros países, mas que deve ser construída aqui, e coletivamente, sendo que a juventude tem um papel importante neste processo pela sua capacidade do “imprevisível”. É necessário, portanto, construir um processo permanente de formação e lutas com a juventude, e é nosso desafio construir instrumentos de organização política para que isso aconteça. É preciso mais “desobediêcia civil” e trabalhos de base, e menos “revolucionários de bar” (e de facebook, poderíamos completar).
Hellen Lima, Levante Popular da Juventude
       Em nome do Levante Popular da Juventude, Hellen Lima fez um resgate do histórico do Levante, de sua formação nos anos de 2005 e 2006, até o ano de 2012, quando aconteceu o 1º. Acampamento Nacional , com mais de mil jovens, de 17 estados do país.
       Hellen apresentou alguns dados sobre a juventude no Brasil: 16% de desocupação juvenil; 22 milhões de jovens na PEA (População Economicamente Ativa); 66% dos jovens de 14 a 29 anos trabalha; 46% dos desempregados são jovens; 56% dos jovens só trabalham; 4 milhões trabalham informalmente; 90% recebe menos do que o salário mínimo e 13% estão no ensino superior.
 “Riscar no chão da história a nossa marca”. Raul Amorim, MST
       Raul Amorim, também representando o coletivo de juventude do MST, falou que a história é uma disputa, e que é preciso trazer o passado para o presente, para que possamos compreendê-lo. Assim também o conceito de juventude é uma disputa, política e ideológica, sempre na tentativa de categorizar, quer seja pela idade, ou pela rebeldia. Para Raul, trata-se de uma discussão da qual não podemos nos abster.
    Afirmou que o CENSO de 2010 apresenta 8 milhões de jovens no campo. Destes, 2 milhões vivem em extrema pobreza. Além disso, das 2 milhões de pessoas que deixaram o campo em 2 anos, metade era jovem.
     Raul ainda afirmou que vivemos na chamada “onda jovem”, pois  de 1990 a 2020 vamos ter a maior população do mundo, sendo que hoje a juventude já representa 20% da população total, e que por isso devemos ter uma atenção maior para essa população.
      Como desafio, Raul coloca que a juventude deve assumir a postura de seu protagonismo, e deixar de apenas receber informações, mas passar a criá-las. A juventude, segundo ele, deve lançar propostas que causem tensão na realidade que está posta, a fim de transformá-la.
    Como resultado das discussões sobre o tema da juventude construiu-se uma carta da juventude, que está disponível no endereço: http://jornadaagroecologia.com.br/?q=node/69

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