domingo, 1 de agosto de 2010

1ª etapa da Escola de Agentes Populares da Juventude

A EAPJ 2010 – Escola de Agentes Populares da Juventude teve início neste ano com a 1ª etapa que aconteceu nos dias 25, 26 e 27 de junho em Irati. No dia 25 à noite, aconteceu a mística de abertura da EAPJ 2010 e entrega de certificados da 1ª turma de 2009.
E nos dias 26 e 27, com o tema: “História do povo brasileiro e Educação Popular”, trocamos muitas experiências e conhecimentos com a metodologia freireana através de debates, vídeos, rabalhos em grupo, místicas, dinâmicas e estudos. Esta etapa foi organizada por Gisele Carneiro que atua como educadora popular no CEFÚRIA e Rede de Educação Cidadã-PR.
Neste ano a EAPJ é formada por uma grupo bem diversificado de aproximadamente 50 pessoas, entre as quais é constituída por adolescentes, jovens e adultos, os quais a maioria já atua em Grupos de: Cultura, Jovens, Grêmios; Movimentos Populares de: Juventude, MST; Associações da Economia Solidária: Mulheres, Artesãos, Agricultores, Moradores, sendo representadas pelos seguintes municípios da região: Irati, Fernandes Pinheiro, Guarapuava, Mallet, Rebouças, Inácio Martins e Ponta Grossa.
No dia 25 à noite, contamos com a participação do Dr. Rosinha, o qual estava visitando a região e participou da abertura da EAPJ e abaixo escreveu um texto dedicado à Associação CORAJEM:


COLUNA 29.jun.2010

'CORAJEM'

Sim, é "CORAJEM", com a letra "jota" mesmo. É que não falo de qualquer coragem, falo da Comissão Organizadora da Adolescência e Juventude Missionária de Irati, cuja sigla é "Corajem". Trata-se de uma ONG que trabalha na organização e formação de grupos populares com comunidades, a partir do protagonismo de adolescentes, jovens, mulheres e famílias.

A Corajem tem, entre suas atividades, a formação e conscientização, através de uma "Escolinha Comunitária de Educação Popular".

Na semana passada, participei da solenidade de entrega do certificado de conclusão do curso da primeira turma da escolinha, que coincidiu com o início das atividades da segunda turma. Atento, acompanhei o desempenho e a alegria dos jovens, cerca de 40. Uns tímidos. Outros, mais soltos. A maioria —e também as mais atuantes — eram as garotas.

Na entrega do certificado, cada um ou cada uma falava o que estava sentindo, a importância da escolinha e o que ela pode contribuir para a sua vida. Maravilhoso. Em poucas palavras, demonstravam a preocupação que vivem e o que esperam contribuir. Todos falaram de sonhos, caminhos a trilhar, mundos a construir, ser alguém, enfim —do jeito que está, não dá.

Ao final, os que assistiam à solenidade foram convidados, se quisessem, a falar. Eu, que assisti a tudo calado e com certa emoção, resolvi me manifestar. A emoção se devia à quantidade de jovens, principalmente garotas, militando na ONG e falando do futuro e do caminho a construir. Resolvi falar sobre o que tinha vivenciado naquele momento e que entendia que tudo aquilo eram presentes. Ganhei vários presentes.

Um presente foi assistir tantos jovens juntos e preocupados, não só com o próprio mundo, mas com a humanidade. Preocupados em ser alguém, e não em ter objetos. Isto ficou explícito no breve pronunciamento de cada um.

Não poderia deixar de ser presente a própria direção da Corajem. Não perguntei a idade de nenhum e de nenhuma dos dirigentes da ONG, mas é possível observar que a maioria não tem mais de 23 anos de idade e, mais importante, a maioria são meninas. Que belo presente: jovens dirigentes de uma entidade preocupada com a política.

Presente enorme foi ouvir da boca de um desses jovens que ele é marxista-comunista. Que coragem um jovem se declarar em público comunista e estudante de Marx. Quando muitos querem a extinção “dessa raça”, vem um jovem e confessa: “Sou comunista”.

Ganhei do jovem comunista, além da confissão de sua ideologia, dois outros presentes: um CD e um amigo. O Maygon, este é seu nome, faz parte de uma banda, “Escultores de Alento”. Ele é músico e letrista/poeta da banda. Presenteou-me com um CD e uma dedicatória: Ao amigo e inspirador Rosinha, com grande abraço. Entrego a ele também a minha amizade.

Ao final de cada dia sou outro homem. Não sou o mesmo que iniciou o dia. Naquele dia, ao encontrar a turma da Corajem, acrescentei na minha vida mais saber e certeza. A certeza de que mundo, no que depender desses jovens, será melhor.

São muitos os passos a percorrer, muitas estradas e caminhos. Eles sabem disso, tanto que se organizam para não caminhar só. Buscam coletivamente construir um caminho próprio, pelo menos foi o que entendi dos breves discursos do formando da escolinha.

Esses breves discursos levaram-me ao poeta espanhol Antonio Machado, com seu “Caminante, no hay camino” e declamei para eles: Caminante, no hay camino, se hace camino al andar. / Al andar se hace el camino … .

O pessoal da Corajem sabe que não há caminho e que o mesmo tem que ser construído, por isso a escolinha de formação que chamei no meu pronunciamento de “pré-escola”. A pré-escola da política.

Por falar em política, neste ano teremos eleições. E, como mais uma vez concorrerei a deputado federal, ainda que a legislação eleitoral não obrigue, voluntariamente e por questão ética decido me afastar —temporariamente—, desta coluna e de vocês, caros leitores e leitoras.

Não sei se alguém sentirá falta. Mas eu sentirei falta de vocês. Alguns e algumas podem estar duvidando, mas é verdade. Estarei de volta em outubro.

Fonte:

Texto escrito por Dr. Rosinha, médico pediatra, é deputado federal (PT-PR) e foi publicado no Jornal onde ele tem um espaço semanal.

www.drrosinha.com.br | twitter.com/DrRosinha

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