Nesta
jornada de Agroecologia, pela primeira vez, teve-se uma discussão específica
sobre a questão da juventude e de seu protagonismo para as transformações
sociais que queremos.
Foram
realizados dois seminários com tema: “O
protagonismo e desafios da juventude”, e uma Assembléia Popular da juventude,
onde foi apresentada uma Carta Final com as demandas e propostas tiradas na
jornada para a questão da juventude.
Os
seminários foram conduzidos pela juventude do Movimento dos Sem-Terra e pelo
Levante Popular da Juventude, e foram espaços ricos de troca de ideias e
informações.
Dentre
os temas tratados, destacou-se a saída do jovem do campo, e sobre este tema
levantou-se vários discussões como a falta de oportunidades, a busca de
autonomia financeira, a influencia da mídia, o acesso a educação, o avanço do
agronegócio, entre outros.
Pelo
MST, Diego Moreira fez uma análise de conjuntura, e observou que de 8 milhões
de jovens no campo, apenas 1% acessa o ensino superior. Disse que vivemos num
momento de grande importância para a formação de novos quadros para os
movimentos, que tenham lucidez teórica e capacidade prática de resolução de
problemas.
“A juventude carrega em si a síntese das lutas do povo”. Diego Moreira, MST. |
Afirmou
que a revolução não pode ser transportada dos moldes de outros países, mas que
deve ser construída aqui, e coletivamente, sendo que a juventude tem um papel
importante neste processo pela sua capacidade do “imprevisível”. É necessário,
portanto, construir um processo permanente de formação e lutas com a juventude,
e é nosso desafio construir instrumentos de organização política para que isso
aconteça. É preciso mais “desobediêcia civil” e trabalhos de base, e menos
“revolucionários de bar” (e de facebook, poderíamos completar).
Hellen Lima, Levante Popular da Juventude |
Em
nome do Levante Popular da Juventude, Hellen Lima fez um resgate do histórico
do Levante, de sua formação nos anos de 2005 e 2006, até o ano de 2012, quando
aconteceu o 1º. Acampamento Nacional , com mais de mil jovens, de 17 estados do
país.
Hellen
apresentou alguns dados sobre a juventude no Brasil: 16% de desocupação
juvenil; 22 milhões de jovens na PEA (População Economicamente Ativa); 66% dos jovens de 14 a 29 anos trabalha;
46% dos desempregados são jovens; 56% dos jovens só trabalham; 4 milhões
trabalham informalmente; 90% recebe menos do que o salário mínimo e 13% estão
no ensino superior.
“Riscar no chão da história a nossa marca”. Raul Amorim, MST |
Raul
Amorim, também representando o coletivo de juventude do MST, falou que a
história é uma disputa, e que é preciso trazer o passado para o presente, para
que possamos compreendê-lo. Assim também o conceito de juventude é uma disputa,
política e ideológica, sempre na tentativa de categorizar, quer seja pela
idade, ou pela rebeldia. Para Raul, trata-se de uma discussão da qual não
podemos nos abster.
Afirmou
que o CENSO de 2010 apresenta 8 milhões de jovens no campo. Destes, 2 milhões
vivem em extrema pobreza. Além disso, das 2 milhões de pessoas que deixaram o
campo em 2 anos, metade era jovem.
Raul
ainda afirmou que vivemos na chamada “onda jovem”, pois de 1990 a 2020 vamos ter a maior população do
mundo, sendo que hoje a juventude já representa 20% da população total, e que
por isso devemos ter uma atenção maior para essa população.
Como
desafio, Raul coloca que a juventude deve assumir a postura de seu
protagonismo, e deixar de apenas receber informações, mas passar a criá-las. A
juventude, segundo ele, deve lançar propostas que causem tensão na realidade
que está posta, a fim de transformá-la.
Como
resultado das discussões sobre o tema da juventude construiu-se uma carta da
juventude, que está disponível no endereço: http://jornadaagroecologia.com.br/?q=node/69
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